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Statement of H.E. João Manuel Gonçalves Lourenço, President of the Republic of Angola and Chairperson of the AU at the 7th Mid-Year Coordination Meeting

Statement of H.E. João Manuel Gonçalves Lourenço, President of the Republic of Angola and Chairperson of the AU at the 7th Mid-Year Coordination Meeting

July 13, 2025

Discurso de Abertura de Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, Presidente da República de Angola e Presidente em Exercício da União Africana, na 7ª Reunião Semestral de Coordenação entre a União Africana, as Comunidades Económicas Regionais e os Mecanismos Regionais
Malabo, 13 de Julho de 2025

- Sua Excelência Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, Presidente da República da Guiné Equatorial e Presidente em Exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Central CEEAC;

- Suas Excelências Chefes de Estado e de Governo Membros da Mesa da Assembleia da União Africana;

- Excelências Chefes de Estado e de Governo Presidentes das Comunidades Económicas Regionais e Mecanismos Regionais;
- Sua Excelência Mahamoud Ali Youssouf, Presidente da Comissão da União Africana;

- Excelências Comissários da Comissão da União Africana;

- Distintas Entidades Presentes;

- Minhas Senhoras, Meus Senhores

É com a mais elevada honra que, na qualidade de Presidente em Exercício da União Africana, tomo a palavra para me dirigir a Vossas Excelências, neste momento em que a União Africana reúne pela sétima vez com as Comunidades Económicas Regionais e Mecanismos Regionais no formato de Coordenação Semestral, para refletir em torno do processo de integração regional africano e o seu estado presente, tendo em conta o cumprimento dos objectivos e metas fundamentais da Agenda 2063, “a África que Queremos”.

Manifestamos a nossa mais profunda gratidão a Sua Excelência o Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e ao povo da República da Guiné Equatorial, por terem aceite albergar esta importante Cimeira e pela calorosa recepção e excepcional hospitalidade reservada a todas as delegações desde a nossa chegada a bela e acolhedora cidade de Malabo.

Como todos nós sabemos e defendemos, a integração regional em África é mais do que um ideal político, económico e social, é sobretudo um dos vectores essenciais para transformarmos as grandes ambições da Agenda 2063 em progressos concretos e uma necessidade profundamente estratégica para o continente africano, marcado por fronteiras herdadas da era colonial, que muitas vezes ignoraram as realidades culturais, sociais e económicas dos povos africanos.

É precisamente neste contexto que surge a necessidade de reforçarmos a coordenação entre a nossa Organização continental e as Comunidades Económicas Regionais e os Mecanismos Regionais, entendendo-se que estes últimos são os pilares essenciais da arquitectura africana, enquanto veículos de interligação entre as políticas continentais e as dinâmicas nacionais nos mais variados domínios.

Desde a criação da Organização da Unidade Africana, em 1963, até à sua transformação na actual União Africana em 2002, que assistimos a uma evolução significativa dos mecanismos de integração continental.

Estruturas como a Zona de Comércio Livre Continental Africana ZCLCA, representam hoje marcos históricos no processo de unificação dos mercados africanos, ao criar o maior acordo comercial do mundo em número de países participantes e um mercado de mais de 1,3 mil milhões de consumidores, transformando-se na verdadeira alavanca do crescimento económico continental, da redução da pobreza e da promoção da equidade social, através de uma maior industrialização e do aumento das exportações intra-africanas.

Acredito que os sinais positivos observados em termos de estímulo ao crescimento do comércio intra-africano durante as fases iniciais da implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana, nos impulsionarão a dar sequência aos esforços colectivos e individuais em direcção a este horizonte promissor, que se desenha a favor da economia do nosso continente.

De igual modo, no quadro dos mecanismos de promoção do desenvolvimento do nosso continente, devo realçar o papel central que tem desempenhado a AUDA-NEPAD no que respeita à concretização da visão pan-africana definida na Agenda 2063, nomeadamente através da mobilização e disponibilização de recursos multiformes, essenciais para o sucesso da implementação dos projectos prioritários continentais e regionais.

Ainda no mesmo âmbito, considero igualmente oportuno, garantir dentro do melhor prazo, a observância dos diferentes aspectos jurídicos e condições de aplicabilidade sobre o estabelecimento e estruturação do Fundo de Desenvolvimento da Agenda 2063.

Este fundo deverá complementar o trabalho que tem sido desenvolvido pelos mecanismos de financiamento já existentes, que se dedicam a mobilização de recursos para a concretização de projectos ligados a construção e melhoramento das infraestruturas no nosso continente e também a sua aplicação em iniciativas ligadas a educação, a saúde e as tecnologias, primordiais e indispensáveis em todo o processo de desenvolvimento económico do continente africano.

Perante os imensos desafios que o nosso continente enfrenta devido à falta de infraestruturas modernas e suficientes, impõe-se que aumentemos o investimento para proporcionar acesso a energia fiável e de baixo custo, a estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos modernos e eficientes e a redes digitais de elevada qualidade.

Isso contribuirá seguramente, para a melhoria dos serviços de saúde e educação, facilitará a circulação de bens e serviços reduzindo os custos logísticos, estimulará o desenvolvimento industrial e consequentemente, contribuirá para o incremento do investimento estrangeiro directo no nosso continente.

Gostaria de referir uma vez mais que a União Africana, em coordenação com o governo da República de Angola, está a dar passos importantes para a realização em Luanda capital da República de Angola, entre os dias 28 e 31 de Outubro do corrente ano, de uma importante conferência sobre o financiamento das infraestruturas em África, para a qual gostaria de convidar Vossas Excelências na qualidade de Presidente do país anfitrião e Presidente em Exercício da União Africana.

Aliás, esta importante iniciativa da Presidência Angolana da União Africana, está alinhada com o Programa para o Desenvolvimento de Infraestruturas em África PIDA, que nos últimos anos tem posto em marcha acções visando o desenvolvimento de infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, energéticas, digitais e híbridas em todo o continente.

A par do que acabo de referir, é importante destacar que as nossas Comunidades Económicas Regionais têm actuado como os blocos fundamentais da integração africana, harmonizando políticas, fomentando mercados regionais e promovendo a mobilidade de bens, pessoas e serviços.

De entre as várias iniciativas e projectos visando a integração e a interconexão entre as Comunidades Económicas Regionais, quero destacar o Mecanismo Tripartido integrado pela SADC, a COMESA e a EAC, que comporta 29 países, representando 53% dos Estados Membros da União Africana, mais de 60% do PIB continental e uma população de 800 milhões de habitantes, tendo seu foco na integração para o desenvolvimento, na complementaridade comercial, na produção industrial competitiva e no desenvolvimento infraestrutural do continente.

Esta é uma daquelas iniciativas que devemos encorajar e apostar de modo que consigamos somar passos em direcção a concretização da interligação plena dos Estados do nosso continente.

Senhores Presidentes,

Excelências,

Apesar dos avanços registados e aplaudidos por todos nós, devemos reconhecer que ainda há um longo caminho a percorrer.

Persistem desafios estruturais, institucionais e políticos que dificultam a plena realização da nossa ambição continental, onde me permito destacar questões cruciais como a baixa industrialização e fraca diversificação das nossas economias, a insuficiente harmonização de políticas comerciais, fiscais, sanitárias e alfandegárias, desincentivando os operadores económicos, podendo mesmo criar tensões políticas, conflitos armados e instabilidade institucional, que comprometem a paz necessária para qualquer processo de integração eficaz.

Por este facto, devo referir que no próximo mês de Setembro em Nova Iorque, à margem da 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a União Africana em coordenação com a República de Angola, pretende reunir os Chefes de Estado e de Governo do continente, para a realização de uma ampla conferência para analisar os conflitos em África, cujo foco principal deverá centrar-se na questão da paz como um bem obrigatório e indeclinável para os povos do continente.

É importante que durante a conferência, possamos juntos analisar com a profundidade que se requer, as causas enraizadas dos nossos conflitos, para que de forma coordenada e corajosa, encontremos as respostas que necessitamos para pôr um fim definitivo a cada um deles.

A resolução das questões de paz e segurança e a criação de infraestruturas seguras e resilientes constituem um motor essencial do desenvolvimento sustentável em África.

Senhores Presidentes,
Excelências,

Ao realizarmos a 7ª edição da nossa Reunião Semestral de Coordenação, estou convencido que teremos a oportunidade de fazer avanços significativos através de discussões estruturadas, nos processos ligados à avaliação dos progressos realizados, à identificação de eventuais bloqueios e à definição de roteiros destinados a reforçar a integração.

África é uma vez mais chamada a unir-se para enfrentar os desafios existentes e através de uma posição comum e com o apoio dos seus diferentes parceiros, dar as respostas estruturais que se impõem.

A integração não deve ser apenas uma tarefa dos governos. As populações africanas, especialmente os jovens, a sociedade civil, as empresas e os académicos, devem ser parte activa neste processo, de modo que se traduza em mais oportunidades de emprego, maior acesso a mercados, mobilidade para estudar e trabalhar e mais resiliência frente aos choques externos.

A integração regional é um investimento estratégico na estabilidade, soberania e prosperidade colectiva dos nossos Estados.

Num mundo cada vez mais multipolar e competitivo, onde grandes blocos regionais ganham peso nas decisões globais, África não pode continuar a falar com vozes dispersas, nem negociar com interesses fragmentados. Essa necessidade de unidade na defesa dos interesses do continente, deve ser já demonstrada por ocasião da Cimeira União Europeia-África, a realizar-se no fim do mês de Novembro em Luanda.

O momento exige vontade política reforçada, compromissos vinculativos e acima de tudo, resultados tangíveis para os nossos cidadãos.

É tempo de acelerar a implementação dos protocolos regionais, de confiar nas capacidades do continente e fomentar a produção africana para o consumo africano, de transformar os corredores de integração em verdadeiras artérias de desenvolvimento e de paz, de fazer da juventude africana com a sua criatividade e energia, o motor da nossa integração.

Espero que as nossas deliberações de hoje, nos permitam dar um passo adiante rumo à implementação das nossas agendas comuns a nível continental e regional, com vista a aproximar cada vez mais os povos africanos da promessa de um continente pacífico, próspero e integrado.

Com estas palavras, declaro aberta a 7ª Reunião Semestral de Coordenação.

Muito Obrigado!

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